Bri Annapurna

Eu saúdo aquele Senhor Madhava, que é completude, totalidade, cuja graça pode fazer o mudo falar eloquentemente e o coxo escalar montanhas.(Gitadhyanam, verso 8)

Para qualquer lugar na criação que se olhe, acharemos um milagre. Os variados universos que existem dentro de um corpo podem aturdir a mente. A ciência não pode decifrar completamente as intrincadas complexidades que operam em apenas um pequeno dedo. Para qualquer lugar que se investigue, a conclusão do questionamento resultará em reverência. Não é razoável assumir que deve haver uma inteligência por detrás de toda espantosa complexidade dessa criação?

Por detrás de qualquer produto feito pelo homem, eu assumo que deve existir uma inteligência que planejou o objeto: eu nunca poderia pensar que um relógio apenas passou a existir. Para que um item tão complexo se manifeste, deve haver uma pessoa ou pessoas inteligentes e sensíveis que o criaram. Ninguém é ingênuo o suficiente para assumir que toda uma variedade de produtos feitos pelo homem apenas simplesmente apareceu. Casas, carros, aviões – tudo existe porque houve um plano e uma implementação desse plano que deu existência a esse determinado objeto. Se eu reconheço a autoria de cada objeto assim produzido, eu tenho que, de maneira similar, reconhecer a autoria desta intrincada criação, na qual me encontro. Eu vejo que existe um plano, um projeto para a criação. Ciclos, sistemas e leis existem, permitindo a uma rede natural funcionar. Para qualquer lugar onde eu olhe, vejo a mão-de-obra do Criador. Tudo o que preciso é fornecido – ar para respirar, comida e água para comer e beber. Eu preciso apenas fazer algum esforço para obtê-los.
Se um Criador pode fazer um ambiente tão esplêndido, Ele não poderia também remover qualquer limitação que me impede de ser pleno e completo? A base de todos os sentimentos de limitação é tomar a mim mesmo como um indivíduo separado da criação: sou como um coxo, incapaz de andar e dependente de muletas que são as falsas noções sobre mim mesmo.
Através da graça do Senhor, na forma de ensinamento, que faz cada um reconhecer-se a si mesmo como pleno e completo, todo sentimento de limitação é removido. Portanto, eu me inclino diante do Senhor que é, Ele mesmo, Completude e, por sua graça, o coxo torna-se completo e o mudo, eloquente – toda forma de limitação é destruída pelo conhecimento da completude do Ser.

Extraído da Revista Mananam – Chinmaya Mission, Califórnia. Tradução de Manoel Ferreira.